domingo, 8 de agosto de 2010

Radicais Livres e Asma

O tecido pulmonar possui um sistema protetor contra agentes oxidantes bem desenvolvido, já que esse conjunto de células encontra-se em contato constante com o próprio oxigênio e com outros oxidantes. Apesar de ter caprichado na natureza dessa proteção, o organismo pode entrar em estresse oxidativo quando há um desequilíbrio entre as concentrações de agentes oxidantes e de anti-oxidantes.

Uma conhecida manifestação do estresse oxidativo das células pulmonares e a asma.

Tambem colaboram para a manifestação dos sintomas da asma inflamações causadas por infecções virais e poluentes. Sendo assim, as células responsáveis por responder aos estímulos inflamatórios enviados ao epitélio pulmonar (eosinófilos, macrófagos, neutrófilos, monócitos e células residentes do proprio tecido pulmonar) consistem em poderosos produtores de oxidantes quando são ativadas.

A produção de ácidos hipo-haletos é de extrema importância para que o organismo hospedeiro possa se defender contra agentes infecciosos. Os macrófagos e monócitos , por meio da atividade de sua enzima lisossomal mieloperoxidase (MPO), e os eosinófilos, pela ação da eosinófilo peroxidase (EPO), catalisam a oxidação de haletos utilizando H2O2 e formam ácidos hipo-haletos. O problema dessas reações tão necessárias à defesa da célula é que elas formam também o radical hidroxil (OH*), que (como ja foi dito em outras postagens) é um dos radicais livres mais reativos e danosos ao organismo.

Além de tudo isso, as espécies reativas de oxigênio formadas pela atividade das mieloperoxidases e pelas eosinofilo peroxidases podem reagir com nitrito e H2O2 e formar espécies reativas de nitrogênio, agravando ainda mais o dano às células pulmonares.



Em certos modelos experimentais constatou-se a possibilidade produzir os sintomas da asma ao se utilizar agentes oxidantes. Dentre os efeitos pode-se observar broncoconstriccao. Observou-se também que agentes redutores produziam um efeito contrário: relaxamento das celulas musculares lisas das vias aéreas. Verificou-se que a exposição, in vitro, de células pulmonares estruturais e inflamatórias a oxidantes causa a liberação de citocinas e seus receptores, fatores de crescimento, metabólitos do ácido aracdônico envolvidos no processo inflamatório da asma. No interior do núcleo, os agentes oxidantes atuam modificando a expressão gênica, induzindo a producao de um fator nuclear e um ativador de proteina que promovem o aumento da expressação de fatores pró-inflamatórios.

Evidências da contribuição de oxidantes para a ocorrência de asma

Em comparações feitas entre indivíduos asmáticos e normais: verificou-se que os níveis de EPO e/ou MPO encontram-se aumentados na lavagem do fluido broncoalveolar dos doentes. Além disso, muitos marcadores do estresse oxidativo (como malondialdeido e acidos tiobarbitúricos) foram encontrados em concentrações aumentadas em urina, plasma, fluido broncoalveolar e tecido pulmonar de indivíduos asmáticos.

Atualmente, também existem técnicas que permitem a dosagem de H2O2 e NO presentes no ar exalado pelos indivíduos.

Defesas antioxidantes em asma

Estudos indicam que a asma pode se manifestar em indivíduos que apresentam suas defesas anti-oxidantes debilitadas ou com baixo funcionamento. Constatou-se, por exemplo, que, em condições estáveis, a atividade da CuZn-SOD é mais baixa em asmáticos do que em indivíduos saudáveis. A atividade do complexo inibidor de peroxinitrito também é mais baixa nos indivíduos doentes.

Os níveis de NO livres são geralmente mais baixos no sistema respiratório porque o NO produzido endógenamente pela NO sintase e complexado com agentes redutores como tióis, incluindo glutationa, para formar uma reserva maior de NO disponível para a bioatividade na forma de S- nitrotiois, que são relativamente resistentes a oxidantes.

Verificou-se que os níveis do broncodilatador endógeno S-nitrosoglutationa (GSNO) encontram-se reduzidos em criancas que morreram de asma, o que permitiu a elaboração de uma hipótese que correlaciona o catabolismo de GSNO ao efeito inibidor do relaxamento muscular das vias aéreas característico de asmáticos.

Estudos tentaram comprovar a relação inversa da ingestão da vitamina C com a ocorrência de asma, contudo ainda não há evidências suficientes para a recomendação de ingestão dessa vitamina para indivíduos qua apresentam propensão a apresentar asma. Por outro lado, pesquisas com a vitamina E relatam a inibição da resposta a estímulos alergênicos em animais e a relação inversa com incidência de asma. Espera-se que os resultados das diversas pesquisas acerca do tema possam colaborar para diminuir os efeitos negativos da asma.

Referência bibliográfica: Comhair SA, Bhathena PR, Farver C, Thunnissen FB,
Erzurum SC. Extracellular glutationa peroxidase
induction in asthmatic lungs: evidence for redox
regulation of expression in human airway epithelial
cells. FASEB J. 2001;15:70-8.

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