sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ferritina/ transferrina

O ferro consiste em um íon de grande relevância para o funcionamento adequado de diversos processos celulares, como é constatado a partir de sua participação na cadeia transportadora de elétrons, no transporte de oxigênio, e na síntese de DNA. Contudo, deve-se evitar altas concentrações desse íon em nosso corpo, já que por meio da reação de Fentom (explicada em postagens anteriores) o Ferro pode promover a geração de radicais livres e consequentemente permitir, por exemplo, a ocorrência da oxidação de lipídeos formadores da membrana plasmática de células.

O ferro obtido a partir da alimentação e destinado ao armazenamento é complexado primeiramente à ferroportina em um segundo momento à transferrina plasmática (sendo estas duas proteínas responsáveis pelo transporte desse íon no sangue) e então liberado para a ferritina intracelular (responsável por armazenar esse íon), cuja síntese está relacionada à concentração celular desse íon. Altos níveis intracelulares de ferro atuam aumentando a expressão gênica da ferritina, enquanto que baixos níveis de ferro diminuem esse processo. Tal mecanismo de inibição da produção de ferritina por meio do ferro acontece devido a regulação no RNAm que codifica a mesma.

Dois elementos são importantes para esse processo: IRE (elementos de resposta ao ferro) e IRP (proteínas reguladoras de ferro).

IRE são estruturas localizadas nas extremidades 5’ ou 3’ do RNAm que codifica o metabolismo do ferro. Dependendo da ligação do IRE (em 5’ ou em 3’) a associação IRE-IRP ativa ou inativa o processo de produção de ferritina. Em situações de baixa concentração de ferro o IRE se associa a 5’ e promove o bloqueio da síntese de ferritina, sendo que o contrário ocorre quando os níveis de ferro se encontram elevados (o IRE se liga a 3’ e a produção de ferritina é estimulada).

Além disto, esta situação metabólica promove a ligação do IRP-IRE na região 3’ do RNAm que codifica o receptor de transferrina, processo que estabiliza esse RNAm e estimula sua tradução para aumentar o número de receptores de transferrina na superfície da célula. Dessa forma o ferro que estava sendo carregado pela transferrina plasmática é então liberado para a estocagem intracelular a partir de sua associação á ferritina.

A transferrina e a ferritina por serem responsáveis por seqüestrar o ferro da circulação sanguínea, representam importantes mecanismos de defesa antioxidante, visto que, ao se ligar ao ferro e armazena-lo, respectivamente, estão também diminuindo a formação de espécies radicalares por esse íon.

Fonte bibliográfica: Functional Methabolism, Marcelo Hermes Lima.

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